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Por Bernado Küster
O simples fato de aceitar a expressão terceira via significa consagrar imediatamente Lula como um candidato favorito, legítimo e moralmente digno para o pleito de 2022.
Rejeitar a linguagem imposta pela classe política é a regra número para compreendê-la. A chamada direita e seus infinitos analistas políticos, enredados novamente pela classe sacerdotal jornalística, insistem em rejeitar não a linguagem política, mas esta simples condicionante. E foi assistindo a uma recente entrevista de Álvaro Dias, longa manus de Sérgio Moro, que me dei conta do tamanho do problema.
Enquanto Dias convicta e satisfatoriamente apresentava o ex-juiz da Lava Jato como a única terceira via possível, pude ver nos olhos dos jornalistas a resposta que esperavam para o falso dilema colocado diante deles: quem será o terceiro nome presidenciável na corrida de 2022? Foi como se toda a tensão interna deles se desfizesse num passe de mágica. A resposta vinda de Delfos! Cada analista e cada apresentador ali aceitou o discurso de Álvaro Dias como viável e partiu para perguntas que já assumiam como premissa a posição definida.
É óbvio que esse discursinho de terceira via é uma criação petista lançada pela mídia quando, em julho de 2020, o cavalo paraguaio Ciro Gomes lança seu livro Projeto nacional: o dever da esperança, onde apresenta suas propostas para o Brasil. A tese é simples: Bolsonaro, como presidente em exercício, seria a primeira via por comandar a máquina do Executivo e possuir, no mínimo, fiéis 30% do eleitorado brasileiro. Lula, como um dos favoritos dos institutos de pesquisa e apoiado pela maioria da classe falante, seria a via antagônica, tão radical quanto o bolsonarismo; o outro lado da moeda. E Ciro – ou quem quer que seja? Esta seria, então, uma via média equilibrada, sem radicalismos, ideologicamente flexível e aberta à coalizão pacificante.
Uma espécie de Temer 2.0 sem mesóclises e com menos de duzentos anos de vida política. Eis aí toda a feitiçaria verbal que passou desapercebida. Vou explicar direitinho para que ninguém venha me dizer depois que não foi alertado. É simples. Aceitar a expressão terceira via significa consagrar imediatamente Lula como um candidato favorito, legítimo e moralmente digno para o pleito de 2022. É isto. Justo ele. Sim, ele de novo. Todas as vezes que qualquer cara pálida (direitista, liberal, centro, intervencionista, isentista, sergiomorista, laranjinha do Novo, etc.) usa a expressão terceira via, ele aceita não somente que Lula seria apropriado para concorrer à presidência novamente como também tira por completo do imaginário das pessoas a mera possibilidade de que qualquer outro candidato possa alcançar uma segunda via, já que a primeira, Bolsonaro, é (quase) inexpugnável pelo cargo e popularidade.
Lula não. Além de um cínico amante de ditaduras, foi condenado em diversos processos, com abundância de provas, em múltiplas instâncias por dezenas de juízes, sendo “apenas”, bem entre aspas mesmo, descondenado pelo Poder Moderador Supremo. Jamais foi inocentado. Nem poderia. Lula não tem e nem deveria ter legitimidade para ser candidato. Seu nome deveria ser mencionado publicamente só para relembrar seus crimes e gafes. Nada mais. Qualquer coisa além disto é afago imerecido.
Que a mídia velha, toda ela petista, endeuse esse monstro moral não é motivo de espanto. Ter que ver todas – repito, todas – as mídias independentes usando a expressão terceira via como uma descrição da realidade e não como uma propaganda política do PT é que é dureza.
Talvez seja tarde demais para abandonar esse discurso mentiroso. E talvez o uso repetido e burro dessa expressão já consagrou finalmente Lula como segunda via e, para o azar de todos, a coisa virou mesmo uma profecia política auto-realizável.
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