O procurador-geral da República, Paulo Gonet, protagonizou um momento inusitado e constrangedor durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Um microfone aberto captou o procurador dizendo: "Fiz uma cagada agora", em um aparente desabafo, logo após ser repreendido pelo ministro Alexandre de Moraes e obrigado a reformular uma pergunta direcionada a uma testemunha.
O episódio ocorreu durante o depoimento do ex-ministro Aldo Rebelo, arrolado como testemunha de defesa. Na ocasião, Gonet indagou Rebelo sobre a capacidade da Marinha de realizar uma ruptura institucional sem o apoio do Exército, ressaltando a menor "capilaridade" da força naval em comparação com a terrestre.
A pergunta gerou uma objeção imediata por parte do advogado do almirante Almir Garnier, o ex-senador Demóstenes Torres. Ele argumentou que, se as testemunhas são proibidas de emitir opiniões, o mesmo princípio deveria ser aplicado ao procurador-geral da República.
O ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações que apuram a suposta trama golpista, acatou a objeção e determinou que Gonet reformulasse sua pergunta. Visivelmente contrariado com a intervenção, o procurador levou a mão à boca e murmurou a frase que acabou sendo registrada pelo microfone ainda ligado.
O vazamento do comentário repercutiu rapidamente nos bastidores jurídicos e políticos de Brasília. Conhecido por seu comportamento reservado e formal, o deslize de Gonet foi interpretado como um raro momento de vulnerabilidade e frustração, num processo já marcado por fortes tensões institucionais.
O episódio adiciona mais um elemento ao ambiente de pressão que circunda as investigações sobre a participação de autoridades em supostos planos para desestabilizar a democracia brasileira.
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