Desde junho de 2023, Jair Bolsonaro está oficialmente inelegível. A partir desse momento, iniciou-se uma movimentação previsível — e insistente — para que ele indicasse um nome capaz de substituí-lo na disputa presidencial de 2026. Essa pressão, no entanto, deixou de ser estratégica e passou a ser quase histérica em 2025, sobretudo após sua prisão, quando setores da própria direita passaram a agir como se a liderança pudesse ser transferida por ansiedade, conveniência ou decreto informal.
Após quase 200 dias de encarceramento, Bolsonaro fez o que sempre deixou claro que faria:
decidiu no seu tempo, nos seus termos e com plena consciência do peso político da escolha. O nome anunciado foi Flávio Bolsonaro.
A reação inicial de desconfiança em parte da direita revelou menos preocupação estratégica e mais impaciência política. Em poucos dias, os fatos trataram de sepultar as dúvidas. Flávio demonstrou preparo em entrevistas, firmeza discursiva, capacidade de diálogo institucional e, sobretudo, viabilidade eleitoral, refletida em pesquisas que o colocam como o nome mais competitivo do campo conservador no cenário atual.
É fundamental deixar algo absolutamente claro: ninguém, fora Jair Bolsonaro, tem legitimidade para decidir quem o substitui politicamente. Bolsonaro não é um ator secundário, nem um símbolo vazio. Ele é, gostem ou não, o maior líder da direita brasileira contemporânea, o polo que concentra, mobiliza e orienta milhões de votos. Ignorar isso não é divergência ideológica — é negação da realidade política.
Não houve improviso, nem fraqueza, nem submissão a pressões. Bolsonaro suportou ataques externos, chantagens internas e cobranças públicas exatamente porque compreende o peso histórico de uma sucessão mal conduzida. Liderança não se exerce no impulso, mas na responsabilidade.
É justamente nesse ponto que causa perplexidade a postura do pastor Silas Malafaia. Ao se manifestar publicamente contra a escolha e defender uma chapa alternativa com Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro, Malafaia ultrapassa a linha entre opinião pessoal e tentativa de tutela política.
Que fique claro: Malafaia tem todo o direito de opinar. Isso é democracia.
O que ele não tem é votos, mandato, base eleitoral ou legitimidade política para tentar conduzir os rumos da direita brasileira.
Influência religiosa não equivale a liderança política.
Microfone não substitui voto.
Engajamento em redes sociais não constrói maioria eleitoral.
A direita brasileira não é uma extensão de púlpito, nem uma assembleia informal de influenciadores. Ela se organiza em torno de liderança testada nas urnas, capaz de vencer eleições, suportar custos políticos e enfrentar o sistema. Nesse quesito, Silas Malafaia nunca ocupou — nem ocupa — esse lugar.
O contraste com a postura de Ronaldo Caiado é evidente. Mesmo mantendo sua pré-candidatura, Caiado reconheceu publicamente o direito de Bolsonaro de fazer a indicação. Isso se chama maturidade política. Isso se chama compreender a hierarquia real de forças.
A tentativa de desautorizar Bolsonaro nesse momento não enfraquece Flávio. Enfraquece quem insiste em não aceitar que a direita tem comando, liderança e centro gravitacional definidos.
A confusão mental não está na escolha de Bolsonaro.
Está em quem acredita que pode substituí-la no grito.

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